Orlando Silva, called crowd pleaser in the 1940s and Roberto Carlos who pleased crowds in the 60s.
In May 1966, when Roberto Carlos was the subject-matter on the cover of Editora Abril's 'Realidade' it meant he was the hottest thing in show business. 'Realidade' was monthly magazine aimed at adults who had tertiary education if that's possible in country like Brazil. Well, let's say it was a magazine for 'people who think a little deeper than the average Joe (José)...
Even though 'Realidade' was purported to be top of the heap it made a crass mistake when it wrongly stated Roberto Carlos was a '23-year old young man who commanded the youth set'. Roberto Carlos Braga was born in Cachoeiro do Itapemirim-ES on 19 April 1941, which made him 25 years old.
Roberto Carlos at 'Jovem Guarda' in Teatro Record, 1966.
'Visão', 9 September 1966.
'Visão', page 24
page 25.
page 26.
page 27.
the ceiling sun hole at Cine Universo was opened on the Sunday afternoon.
R.C. at the window of his apartment on Avenida São João, in 1966.
R.C. at the window of his apartment on Avenida São João, in 1966.
Robertino Braga, his father, Laura, his mother; Norma, his sister & bothers Carlos Aberto, who worked as his private-secretary and Lauro Roberto, the oldest - 'Melodias especial'.
Revista 'Melodias' special about Roberto Carlos' life with rare photos about his early days with his family.
Roberto Carlos cantando esse disco moderno
aonde diz que alguém venha aquecê-lo 'neste inverno'
e depois d'ele aquecido, 'tudo mais vá p'ro inferno'.
Há poucos dias, por isso, uma carta recebeu
que o Satanás lhe mandou com medo do disco seu,
vamos saber na missiva o que foi que ele escreveu:
- 'Inferno, Corte das Trevas, meu grande amigo Roberto
Eu vi o seu novo disco, é muito bonito, é certo
mas cumprindo a sua ordem, o mundo fica deserto.
Por que você está mandando todo mundo para aqui,
se esse povo vier todo, o que é que fica aí?
Será o maior deserto, que eu fico vendo daqui.
Mesmo porque no Inferno não cabe mais esse povo
vai ficar tudo apinhado, apertado como um ovo
e eu sou forçado a mandar fazer um inferno novo
Pois minha situação não está de brincadeira
não há safra, nem dinheiro, só existe é quebradeira
pare com essa cantiga que já me deu tremedeira
Tem feito muito sucesso essa sua gravação
mas eu já sofri até ataque do coração
porque aqui no Inferno, é de fazer compaixão
Se para aqui vier tudo, eu fico mais apertado
pois o Inferno já está por demais superlotado
você ganhando do dinheiro e eu ficando aqui lascado
Tenha de mim piedade, pare com essa canção
deixe esse povo lá mesmo que a terra tem expansão
porque aqui no Inferno tem gente até no portão
Peço que o prezado amigo use de mais consciência
pois aqui os meus recursos passam por deficiência
Não me mande mais ninguém senão perco a paciência
Só faz uma coisa dessa quem tem um mau pensamento
pois aqui não tenho mais comida nem aposento
tem trinta-e-duas mil almas só em um apartamento
Só de moça quase nua tem seiscentas-e-dez mil
Onde é que eu boto esse povo todo do Brasil?
por isso, eu lhe peço, amigo, p'ra que seja mais gentil.
Homem que bate em mulher tem mais de um milhão
mais duzentos mil tarados, entre rapazes e ancião
setecentos mil ladrões tem num pequeno galpão
E quanto mais você canta ainda mais gente vem
só de moça depravada ontem chegaram mil-e-cem
aqui já está de uma forma que não cabe mais ninguém
Você diz que não suporta ela longe de você
eu que vou suportar tanta gente aqui, por que?
que fique tudo aí mesmo cantando o seu ABC
O sofrer aqui é tanto que já estou de boca amarga
e breve, no meu inferno, faço uma porta tão larga
que encho o mundo de diabos com a primeira descarga.
Aqui não tem mais lugar nem mesmo para um ateu,
o meu enorme fichário esta semana se encheu
os apertos desse inferno, quem sabe mesmo sou eu
Já na semana passada chegaram quase um milhão
de motoristas 'mão-grossa' que andam na contramão
matando o povo na rua, e ficando sem punição
Balconista que na loja só mede esticando o pano,
no Inferno já entraram uns quinze mil esse ano
e de play-boys já chegaram doze mil, se não me engano
De batedor de carteira, ninguém pode mais somar
ladrão de galinha é tanto que não se pode contar
é um por cima do outro, e eu sem jeito p'ra dar.
Filhos desobedientes que não respeitam seus pais,
vive tudo amontoado dando suspiros e ais,
com todos os quartos cheios, não tem onde botar mais
E soldados que na feira aborrecem a folheteiro
querendo cobrar imposto, lá no porão derradeiro
tem tantos que já estão exalando até mau cheiro
Moça que vai para a rua à noite depois da janta
e volta de madrugada, no Inferno já tem tanta
que se eu for dizer o número, muita gente aí se espanta!
Poeta plagiador, também já tem um bocado
e também dono de venda que vende charque molhado,
aqui dentro do Inferno vive tudo amontoado.
Homem de duas mulheres aqui tem com fartura
mulher que bebe cachaça, depois faz descompostura
tem mais de seiscentas mil bebendo fel de amargura!
Dono de sorveteria que pega um maracujá,
faz dez litros de refresco e diz que é o melhor que há,
já tem uma soma enorme, nem mande mais p'ra cá!
E o açougueiro que vende carne com semblante duro
boa, sem osso, ao rico, ao pobre vende osso puro
por não ter mais onde bote, estou pondo no monturo
Vendedor de amendoim que agarra um papelão
bota no fundo do litro para enganar seu irmão
tem cem mil dependurados no derradeiro porão.
Viúva de poucos meses que anda toda pintada
atrás de arranjar marido e com saia bem ligada
essa eu já estou mandando procurar outra morada
Xangozeiro aqui tem tanto que eu estou quase caduco
tem chegado da Bahia, Guanabara e Pernambuco
enfim, do Brasil inteiro, eu vou terminar maluco
De camelô de calçada estou com o Inferno cheio
neste inverno mesmo foi tanto camelô que veio
que não tive onde botar, passei um grande aperreio!
Carregador chapeado que vive só explorando
ouvires que vende ferro, aos tabaréus enganando
quem vende roubando o peso, desses eu estou me livrando!
Doutor que não examina as doenças do cliente
e manda comprar remédio sem dizer o que ele sente
quando chega aqui cai logo num tacho de chumbo quente
E tantos outros que vem que não posso descrever
porque o meu tempo é pouco, tenho muito o que fazer
e mesmo aqui no Inferno, não há quem possa escrever
Porque a zoada é tanta que deixa tudo aturdido
breve o meu Inferno estoura, só se ouve o estampido
e eu vou ficar em farrapo pelos planetas perdido.
Portanto, amigo Roberto, tome em consideração
o pedido que lhe faço, acabe essa gravação
não me mande mais ninguém, tenha de mim compaixão!
Mande tudo para o mar, que lá cabe muita gente
ou para um outro lugar do Inferno bem diferente
porque vindo para aqui, não há Satanás que aguente!
Se não gostou do pedido
Aqui não quis lhe agravar,
Tentei apenas fazer
Ao meu amigo chegar
Nesta carta o meu horror,
Á mais cruciante dor,
Se não me crer venha olhar.
O twist no Inferno
Os nossos antepassados já falavam contra a dança
mas dessas escandalosas que juntam pança com pança
'inda a moça sendo brava, se torna mansa e bem mansa
Dança leva à perdição porque faz intimidade
nos meios mais elevados se diz que é civilidade
mas dali é que se cria germe de toda a maldade
Tem muitas moças que deixam o cavalheiro na sala
e conta p'ra todo mundo que ele queria beijá-la
às vezes um bom pagode termina em roncos de bala.
Mas a moça quando deixa moço fazendo arrelia
é porque ele, p'ra ela, não passa de mãe-maria
mas vamos ver se ela deixa o que ela tem simpatia!
'Realidade', 1967.
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