One could say Clovis Candal was a one-hit wonder after he took 'Confissão' (Confesión) to #1 in the charts in early 1963... but he lasted a while longer. Clovis recorded a whole album for Copacabana Records entitled 'Quem depois de mim'.
Clovis Candal nasceu em 6 Agosto 1940, em Guaporé-RS. Sua intenção era seguir a carreira militar, mas cantava em conjuntos de bailes desde os 16 anos. Na época de sair sua promoção de 3o. sargento, seu conjunto fez excursão com o cantor Gregório Barrios, que o convenceu a ser cantor profissional.
Rumou para São Paulo e acabou assinando contrato com a Copacabana Discos. Genival Melo, seu produtor, descobriu 'Confesión' num 78 rpm mexicano, numa casa de discos, fez a versão e Clovis gravou em Setembro de 1962. O sucesso de 'Confissão' foi fenomenal. Naquele tempo as pessoas tinham muito sentimento de culpa, e a igreja católica usava o método de 'confissão anônima' com certo exito.
Nos primeiros meses de 1963 a Copacabana lançou 'Quem depois de mim?' um LP inteiro com Clovis Candal interpretando vários sucessos. Mas os tempos estavam mudando rapidamente. O samba-canção e o bolero seriam destronados ainda em 1963, vivendo apenas em nichos segregados das gravadoras mais ricas - EMI-Odeon com Altemar Dutra, a CBS com Carlos Alberto e a Copacabana com Agnaldo Rayol, que também diversificou com rock-baladas.
Clovis procurou outras paragens e chegou a cantar na Argentina, Uruguay e Portugal.
Até o advento do Concílio Vaticano II em 1963, o confessionário era um recinto muito concorrido dentro das igrejas católicas, pois o fiel só poderia comunga (receber a Hóstia Sant) se antes confessasse seus pecados diretamente ao Padre. A figura do Padre era, portanto, muito importante e temerária, pois sabia-se la, o que ele daria como penitência, isso, além de haver muitos abusos sexuais praticados por vários religiosos em seus 'cantinhos escuros'.
A gente se ajoelhava na lateral do confessionário, o padre, já dentro do tal cubículo, abria uma janelinha -tudo meio escuro, a gente não via direito a cara do padre, mas sentia bem sua voz e, as vezes, até seu hálito. Ali começava a 'tortura' do 'recitar os pecados da semana'.
Com a intervenção do iluminado Papa João XXIII, o Confessionário foi colocado em segundo plano, já que a partir do Concílio, podia-se comungar fazendo-se apenas uma Auto-Confissão. O Confessionário perdeu, assim, sua importância, e os abusos, também, diminuíram. Mas até 1963, muito drama rolou dentro (e fora) dessas 'casinhas' sinistras, que eram os famigerados Confessionários, herança maldita da Inquisição.
A música latino-americana, incluindo a brasileira, sempre teve uma relação de amor-ódio com o Confessionário. A quantidade de músicas onde a palavra 'confissão' aparece é imensa. Além dessa obra-prima de Joaquin Oliver, temos 'Perdão para dois' em 1960 - do grande Palmeira e Alfredo Corleto, onde Leila Silva (e Cauby Peixoto) confessam-se diretamente à Virgem Maria. O problema é sempre uma paixão por alguém já casado, também conhecido como adultério.
Em 'A noiva' (La novia), de Joaquin Prieto, cantada por Angela Maria em 1962, a dita noiva está casando-se com quem ela não ama; ou seja, ela já está pecando por tabela.
'Nôno Mandamento', para aqueles que decoraram bem seus Catecismos, é: 'Não cobiçar a mulher do próximo', mas também era o título de um sucesso de Cauby Peixoto, onde ele se apaixonava por uma mulher casada e pedia perdão para 'esse amor que foi cego, por essa cruz que carrego dia e noite, noite e dia'. Como se vê, o drama era exagerado ao máximo, e o povo comprava os discos aos milhares.
Em 'Ciclone', gravada por Carlos Nobre em 1959, ele diz: 'Eu bebi champagne em seu noivado, traguei a mágoa no fundo, sem rancor. Fui o primeiro a chegar a igreja e amargurado, vi o orgulho matar dois sonhos de amor'. Ou seja, a moça casou-se por despeito, e ele, num paroxismo de masoquista, além de comparecer ao noivado dela, bebeu champagne e, no dia do casamento, foi o primeiro a chegar à igreja, para ter certeza de que o sofrimento seria magnificado. Freud, provavelmente, explicaria tal comportamento bizarro.
Em 1964, Oslain Galvão emplacou 'O divórcio', de Pepe Ávila, onde ele dizia: 'Tu podes ir onde quiseres, com quem quiseres, tu podes ir, mas o Divórcio, por ser pecado eu não te dou.' Isso, na verdade, era chover no molhado, já que divórcio era inexistente no Brasil, embora existisse no Uruguay, Bolivia e Mexico. O Brasil estava bem atrasado em relação aos outros hermanos latino-americanos.
Confissão (Confesión)
Padre, venho confessar-me
eu sou casado, vivo amargurado
pois não sou feliz
Estou apaixonado por outra que não sabe
que o meu carinho não pertence a ela
pela Lei de Deus.
Padre, casei-me em tua igreja
separação p'ra mim não tem valor
porque eu creio em Deus
A ela eu pertenço, porém eu não a quero
por este meu pecado eu serei castigado
dai-me o teu perdão.
Perdão p'ra nós dois.
original de Joaquin Oliver
versão de Genival Melo.
Confesión
Padre, quiero confesarme
estoy casada con un hombre muy bueno
y no soy feliz
Estoy enamorada de otro
que no sabe que mi cariño
le pertenece a ese hombre
por la Ley de Diós
Padre, me casé en su iglesia
con el divorcio no remedia nada
pues yo creo en Diós
Yo le pertenezco peró no lo quiero
este pecado ya está castigado
deme tu perdón.
comentários sobre 'Confissão'
Até o advento do Concílio Vaticano II em 1963, o confessionário era um recinto muito concorrido dentro das igrejas católicas, pois o fiel só poderia comunga (receber a Hóstia Sant) se antes confessasse seus pecados diretamente ao Padre. A figura do Padre era, portanto, muito importante e temerária, pois sabia-se la, o que ele daria como penitência, isso, além de haver muitos abusos sexuais praticados por vários religiosos em seus 'cantinhos escuros'.
A gente se ajoelhava na lateral do confessionário, o padre, já dentro do tal cubículo, abria uma janelinha -tudo meio escuro, a gente não via direito a cara do padre, mas sentia bem sua voz e, as vezes, até seu hálito. Ali começava a 'tortura' do 'recitar os pecados da semana'.
Com a intervenção do iluminado Papa João XXIII, o Confessionário foi colocado em segundo plano, já que a partir do Concílio, podia-se comungar fazendo-se apenas uma Auto-Confissão. O Confessionário perdeu, assim, sua importância, e os abusos, também, diminuíram. Mas até 1963, muito drama rolou dentro (e fora) dessas 'casinhas' sinistras, que eram os famigerados Confessionários, herança maldita da Inquisição.
Torturas confessionais
A música latino-americana, incluindo a brasileira, sempre teve uma relação de amor-ódio com o Confessionário. A quantidade de músicas onde a palavra 'confissão' aparece é imensa. Além dessa obra-prima de Joaquin Oliver, temos 'Perdão para dois' em 1960 - do grande Palmeira e Alfredo Corleto, onde Leila Silva (e Cauby Peixoto) confessam-se diretamente à Virgem Maria. O problema é sempre uma paixão por alguém já casado, também conhecido como adultério.
Em 'A noiva' (La novia), de Joaquin Prieto, cantada por Angela Maria em 1962, a dita noiva está casando-se com quem ela não ama; ou seja, ela já está pecando por tabela.
'Nôno Mandamento', para aqueles que decoraram bem seus Catecismos, é: 'Não cobiçar a mulher do próximo', mas também era o título de um sucesso de Cauby Peixoto, onde ele se apaixonava por uma mulher casada e pedia perdão para 'esse amor que foi cego, por essa cruz que carrego dia e noite, noite e dia'. Como se vê, o drama era exagerado ao máximo, e o povo comprava os discos aos milhares.
Em 'Ciclone', gravada por Carlos Nobre em 1959, ele diz: 'Eu bebi champagne em seu noivado, traguei a mágoa no fundo, sem rancor. Fui o primeiro a chegar a igreja e amargurado, vi o orgulho matar dois sonhos de amor'. Ou seja, a moça casou-se por despeito, e ele, num paroxismo de masoquista, além de comparecer ao noivado dela, bebeu champagne e, no dia do casamento, foi o primeiro a chegar à igreja, para ter certeza de que o sofrimento seria magnificado. Freud, provavelmente, explicaria tal comportamento bizarro.
Em 1964, Oslain Galvão emplacou 'O divórcio', de Pepe Ávila, onde ele dizia: 'Tu podes ir onde quiseres, com quem quiseres, tu podes ir, mas o Divórcio, por ser pecado eu não te dou.' Isso, na verdade, era chover no molhado, já que divórcio era inexistente no Brasil, embora existisse no Uruguay, Bolivia e Mexico. O Brasil estava bem atrasado em relação aos outros hermanos latino-americanos.
from left to right: Marco Aurelio, non-identified singer, Silvana, Wanderley Cardoso & Clovis Candal circa 1965.
Clovis Candal's 78 rpm singles for Copacabana
Confissão (Confesión) / Sem querer (Sin querer) - 1962
Coração biruta / Palhaço - 1962
Hora final / Desde aquela noite - 1963
O pecador / Quem depois de mim? - 1963
Marcha da pipoca / Chegou a hora - 1963 for Carnaval 1964
Roberta / Sem ti - 1964
'Revista do Radio' no.715 tells Clovis Candal's story...