'Manchete' 4 April 1970 - Chico Buarque & his Family is back from exile in Rome in 1970.
Toquinho & his partner & friend Vinicius de Moraes.
Com um sorriso tímido no rosto e segurando a bandeira do Fluminene, clube futebolístico de seu coração, Chico Buarque de Hollanda voltou ao Brasil em 20 Março 1970, quarta-feira, após um auto-exílio de mais de um ano na Italia. Ele foi recebido com comoção no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Duas bandas, muito fãs e jornalistas de radio, TV e jornais aguardavam sua chegada. A policia também estava presente, não por causa dele, mas, para garantir o embarque de 3 asilados políticos para o Uruguay. Mesmo assim a presença de agentes do DOPS no aeroporto gerou um boato de que o músico seria preso, ou convidado a depor assim que desembarcasse. Antes de partir p'ra Italia, Chico tinha participado de protestos contra a ditadura militar e chegou a ter sua peça Roda Viva censurada em todo País. Estadão 21 Março 1970.
21 March 1970 - singer-song-writer Chico Buarque de Hollanda arrives back from Rome, Italy where his family were in self-exile after he had been told by someone in the know with the Military Dictatorship that his life was in danger if he stayed in the country.
Marieta Severo talks about those dreadful years for 'Claudia' magazine in 29 October 2014:
'Claudia': Pressionado pela Ditadura Militar, Chico Buarque, seu marido à época, se exilou na Itália em Janeiro 1969. Você o acompanhou e permaneceu por lá até Março 1970. Que recordações guarda daquele período?
Marieta: eu me recordo de ter ficado muito apavorada. Acabara de completar 22 anos, e o exílio me pegou de surpresa. Viajamos à Europa com intenção de retornar logo, dentro de uns 20 dias. Chico partiparia de uma feira musical em Cannes, França, e depois seguiríamos para Roma. Foi quando nos chegaram recados do Gilberto Gil e Caetano Veloso, que se encontravam presos no Rio: 'Não voltem!' Falavam que, se voltássemos, o Chico iria diretamente do aeroporto para o xadrez. Tínhamos as roupas do corpo, umas tantas nas malas e nada mais. Mesmo grávida de minha primeira filha, a Silvinha, perdi 8 kg em 2 meses. Precisei arranjar ginecologista às pressas e fiz curso de gestante em italiano, língua que mal arranhava.
'Claudia': Quando vocês retornaram, o medo persistiu?
Marieta: Persistiu porque recebíamos ameaças constantes. Todo fim de ano, nos enviavam cartões com advertências do gênero: 'Chico será o próximo!'. Certa manhã, enquanto dormíamos em nosso apartamento, na Lagoa Rodrigo de Freitas, a polícia o invadiu e agarrou o Chico. Me lembro também de sentir o coração apertado toda vez que o Chico saía com nossas três filhas, ainda pequenas. Eu os observava da varanda e pensava: 'Ai, meu Deus...' Temia que colocassem uma bomba no carro da família, sei lá. Mesmo assim, não os impedia de passear juntos. Procurava tocar a vida sem paranoias excessivas e sem transmitir minhas angústias para as meninas. Tentava agir como se nada daquilo existisse.
Marieta Severo, Silvinha & Chico Buarque.
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